A Islândia deslocou-se um pouco mais para as margens da economia mundial ontem (26/10), quando o McDonald´s anunciou o fechamento de seus três restaurantes locais e informou não ter planos para voltar ao país, assolado pela crise financeira mundial. A decisão coloca a Islândia, um dos países de maior renda per capita do mundo até o desmoronamento de seu setor bancário em 2008, no pequeno grupo de países europeus sem McDonald´s, ao lado de Albânia, Armênia e Bósnia-Herzegóvina.
A saída da rede mostra a extensão da decadência econômica islandesa ante os anos prósperos anteriores à crise, quando seus empreendedores "vikings" tornaram a capital Reykjavik um centro financeiro internacional e lançaram uma onda de compras de ativos europeus de alta visibilidade.
O McDonald´s atribuiu o fechamento ao "clima econômico muito desafiador" e à "complexidade operacional única" de se realizar negócios na ilha, que fica no limite do Círculo Ártico e possui apenas 300 mil habitantes.
A maioria dos ingredientes usados pelo McDonald´s na Islândia é importada da Alemanha - o que duplica os custos em coroas islandesas, uma vez que a moeda despencou em relação ao euro.
Magnus Ogmundsson, diretor da Lyst, dona da franquia do McDonald´s na Islândia, afirmou que seria necessário elevar os preços em pelo menos 20% para obter um lucro aceitável. O preço do Big Mac teria de subir mais do que os US$ 5,75 cobrados na Suíça (valor mais alto do mundo, segundo o índice Big Mac). Ele admitiu que alguns clientes ficaram alarmados com o simbolismo de uma marca tão conhecida sair da Islândia, mas outros reagiram bem, satisfeitos com a perspectiva de adquirir mais produtos localmente.
Suíça e Noruega têm o Big Mac mais caro do mundo, a 5,75 dólares.
"A situação económica tornou tudo caro de mais", afirma Magnus Ogmundsson, director da empresa islandesa detentora da concessão McDonald´s no país.
Os três restaurantes - todos na capital Reikjavik - vão mudar de nome e manter-se de portas abertas sem que nenhum dos 90 funcionários seja despedido.
Os novos restaurante "Metro" terão ementas elaboradas a partir de alimentos produzidos na Islândia, dado que as importações encareceram substancialmente devido ao colapso da moeda islandesa (krona) e à imposição de tarifas à entrada de produtos estrangeiros.
A concessionária importava da Alemanha todos os ingredientes McDonald´s, por imposição da marca norte-americana, e a mais recente evolução dos custos sobre importações implicava uma subida de 20% no preço do Big Mac, de 650 krona (5,29 dólares) para 780% (6,36 dólares), o que o tornaria no mais caro do mundo.
Actualmente, Suíça e Noruega têm "ex-aequo" a mais cara versão do hamburger mais famoso do mundo, a 5,75 dólares, de acordo com o índice Big Mac 2009, elaborado pela revista The Economist como uma medida do custo de vida em todo o mundo.
"Não acredito que alguma coisa aconteça nos próximos anos que venha alterar a situação de maneira significativa", afirmou Magnus Ogmundsson.
A McDonald´s chegou em 1993 à Islândia, país nórdico que se torna agora no nono em todo o mundo a assistir à partida da marca norte-americana.
Depois de em Barbados (1996) o Big Mac não ter aguentado mais de seis meses de baixas vendas, em 2002 a multinacional decidiu encerrar operações não lucrativas em sete países.
Actualmente, a McDonald´s actua em 119 países, espalhados por seis continentes.